A Vila da Barca é uma comunidade em Belém na margem do rio Guamá, onde a maioria das moradias são palafitas e os caminhos são improvisados por pontes de madeira. Em meio há necessidades, desafios e incertezas, o povo sagaz e batalhador se recusa à desistir; e de mãos dadas, formam-se correntes do bem que trazem uma maré de esperança. Dessa maneira surgiu o Barca Literária, uma biblioteca itinerante comunitária que acolhe crianças e jovens da região. O projeto possui uma pequena sede, com quadros, estantes, artes e um acervo potente que fornece poder e resiliência pra molecada.
A proposta do projeto é que consigam ocupar espaços, então, além da pequena sede, vários pontos da comunidade são utilizados como palco para as ações como ruas, praças e frentes de casas; e a população local abraça e se integra às atividades. Exemplo disso é a Dona Madalena, uma senhora que há mais de 60 anos é moradora da Vila, na beira rio; a frente da sua casa é um dos locais mais utilizados pelo Barca Literária e é lá que vamos realizar nosso próximo Projeto Escola, a 3ª edição da Formação de Protetores da Natureza, tendo as águas como parte do público e também como inspiração.
Visitei a Vila a fim de planejar melhor nossa próxima ação. Fui recebido pela Inês e pela Cleia, pedagogas que compõem com outras mulheres a coordenação do projeto. Tive então a sorte e oportunidade de acompanhar uma tour pela comunidade, atividade essa realizada pelo Barca Literária com apoio de organizações como a Produtora Na Cuia, Cine Clube TF, Mandí e o Periferia em Foco, além do apoio do Curro Velho, um núcleo de formação de arte da capital paraense. A tour foi comandada pela garotada do projeto, que com autonomia e desenvoltura apresentou vários pontos importantes dentro do bairro, entre eles as praças, suas casas, locais onde a biblioteca já residiu, murais artísticos, centros religiosos e as orlas, onde a população vê o rio, atraca as embarcações e assiste o Círio Fluvial. Uma das meninas se emocionou quando apresentou a casa da avó, uma costureira guerreira - em suas palavras - que a inspira muito; a menina citou que infelizmente a avó vai ter de sair do local de onde mora, por conta da construção de um conjunto habitacional. Outros momentos marcantes, foram o início e o final da caminhada, quando demos as mãos, formamos um círculo e entoamos gritos de guerra do grupo, um deles é: quando eu leio um livro, o mundo sai do lugar!
O Greenpeace Belém se uniu à essa galera do bem pra estabelecer parceria e realizar ações do Projeto Escola. Vem com a gente.