A Onça Vai à Cidade

Claudeir da Silva Martins • 6 Março 2023
no grupo Literatura Verde
Conscientização

 

Fabuleiro Mágico

 

A Onça Vai à Cidade

 

Introdução 

 

A Onça Vai à Cidade 

 

Introdução 

 

Embora a casa dos animais seja na floresta, uma onça decide seguir o curso para a cidade, a fim de reaver os direitos do bichos da selva. Essa viagem será uma caminhada pelos imprevistos, obstáculos e descobertas que a grande felina fará ao adentrar em um ambiente novo.

 

Obra registrada na Biblioteca Nacional

 

 

A Onça Vai à Cidade 

 

Cansada de ver a destruição que assolava sua morada, a onça resolveu mudar-se para a cidade. Esta já não aguentava mais a vida que levava em meio a inúmeras árvores caídas, derrubadas por ganância pelas máquinas que devastavam a floresta.

           

Jaguatirica, sua melhor amiga, deu-lhe um conselho:

- Amiga, se você for para a cidade acabará numa jaula, pois a selva de pedra não é lugar para animal selvagem. Além do mais, ouvi dizer que existem criaturas com o casco de ferro, capazes de se mover sobre rodas em chão de rocha.

 

Todavia, a onça batia a pata enquanto fazia a réplica:

- Não temo pássaro de ferro, tão pouco minhoca de metal. Se eu não for para a cidade, quem lutará pela floresta? Acaso devo ficar de patas cruzadas enquanto derrubam minha casa? Jamais!

A onça sacudiu a cauda, levantou-se do mato e seguiu sua jornada.

 

A pantera entrou na cidade como se fosse uma sombra de ninja, sem ser percebida por olhares humanos. 

Estressada pelo barulho das tartarugas de metal que buzinavam nos ouvidos, esta se escondeu na escuridão de um túnel. Mas, embora estivesse em silêncio, a onça entrou em desespero diante do apito estridente de uma gigantesca cobra de metal, que de olhos flamejantes iluminou a escuridão do túnel.

 

A onça fugiu para não ser atropelada. E aos rugidos de socorro ela pedia:

- Não me devore minhoca de metal. Estou na cidade em defesa dos animais. Eles estão sem moradia na selva por culpa da ambição do homem. 

A felina pensou que ia ser debulhada pela cobra de aço feito milho, mas, por um instante ela se salvou ao pular para fora do trilho.

 

Contudo, sua presença na estação despertou olhares de pânico após um forte rugido. Embora a pantera tentasse conversar com os habitantes da cidade, esta só recebia como resposta gritos de desespero. Não era todos os dias que se via um grande felino como aquele perdido numa metrópole. De imediato, um juíz carrasco mandou prender a pantera, que de pelos arrepiados foi levada para uma jaula. 

 

No tribunal dos bichos a onça esperou em silêncio pelo injusto julgamento. O juiz estava em dúvida se deveria mandá-la para o circo, ou, se deveria enviá-la ao zoológico. Em todo o caso, foi decidido ao bater do martelo que esta fosse enviada ao circo.

 

A onça chorou com lágrimas de encher balde enquanto lamentava: 

- Nasci para viver livre no mato, todavia, além de terem destruído meu habitat, agora, os homens da selva de pedra também querem roubar minha liberdade. Mundo injusto, mundo cruel! Para onde os animais irão sem o verde da floresta?

 

No circo, a pantera foi obrigada a saltar pelos anéis de fogo durante as apresentações da noite. E, sob as ordens de um domador malvado, a felina foi obrigada a fazer de tudo, pois caso não fizesse, o carrasco ameaçava castigá-la com seu chicote.

 

A onça foi escravizada no circo. Por muito tempo ela ficou comendo resto de ossos para não morrer de fome. Mas, foi então quê... num certo dia, o domador trouxe algo diferente; um saco estranho que se mexia. No desespero da fome a felina rasgou o saco em pedaços e, para seu espanto um gato saltou para fora.

 

De imediato o bichano suplicou:

- Por favor, senhora onça, não me devore. Me chamo Pelúcio. Fui capturado quando tirava uma soneca em cima do muro. Meu dono é um cientista, doutor Birulei, inventor de poções mágicas.

 

Comovida pela súplica, a onça acabou perdendo a fome. Quem poderia fazer mal para um gatinho tão fofo? Curiosa para conhecer Birulei, a pantera fez amizade com Pelúcio. E assim, o novo par de felinos fez um plano para fugir do circo de terror. 

 

O plano foi armado. A onça esperou o cair da noite para que o gato pudesse entrar em cena. Quando todos no circo foram dormir, Pelúcio passou por entre as grades e logo em seguida tratou de falar com Bastião, que era o macaco do domador, a fim de convencê-lo a soltar a onça. 

 

Após muito dialogar, Pelúcio convenceu o primata de que a onça não iria devorá-lo. Afinal, por que temer a onça se o gato está inteiro? Assim, o macaco roubou a chave durante a madrugada. Bastião também havia se lembrado que durante a infância o domador havia lhe roubado de seus pais. Tudo que o primata mais queria era matar a saudade em revê-los. Então, ele abriu a jaula e os três fugiram do circo.

 

Ao chegar na casa de Birulei logo no amanhecer, o gato apresentou sua amiga:

- Esta é Pintada, minha amiga que veio para a cidade por causa da destruição causada pela ganância dos homens. Mestre, a onça precisa beber a poção mágica. Só assim ela poderá convencer os homens da loucura de de destruir a selva.

 

Doutor Birulei, amigo dos animais compreendeu as razões da pantera. O cientista fabricou uma poção para que a grande felina pudesse dialogar com os seres humanos. E após tomar aquela poção, como que por milagre a onça começou a rosnar e falar na lingua dos homens.

 

Pintada não perdeu tempo e junto com Pelúcio foram à praça da cidade para chamar a atenção de toda população. Cada cidadão estava surpreso com a capacidade da onça, a qual fazia um belo discurso:

 

- Toda ação gera uma reação. Se os homens continuarem a destruir o meio ambiente, os animais da selva irão se mudar para as casas na cidade. Ninguém deseja nadar com jacarés na piscina ou dormir com serpentes na cama. Que os homens tenham consciência e parem de destruir o ecossistema.

 

A população deu uma salva de palmas para o discurso de Pintada. Com vergonha do que havia feito, o juiz pediu perdão para a felina e assim prometeu:

- A partir de hoje declaro que não haverá mais animais em circo, pois todo ser vivo deve viver em liberdade. Declaro também o fim da destruição da floresta, pois esta é o maior tesouro da humanidade.

 

Conforme as palavras do juiz, assim o sonho da onça tornou-se realidade. Os animais do circo voltaram para a selva e o domador malvado foi para a cadeia. Quanto a floresta, esta voltou a ser um lugar de paz e harmonia para os animais. Pintada retornou para sua morada e Bastião conseguiu reencontrar seus pais. Mas, e quanto a Pelúcio? Bem, este se casou com uma gata na cidade e juntos tiveram sete filhotes.

 

 

Moral do conto

 

Cuidar da natureza e preservar o meio ambiente. 

 

 "Toda ação tem uma reação. Ações movidas por ambição e ganância feitas para destruir a natureza trazem grandes desastres para o ser humano."

 

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