Pesquisa - Crise Hídrica

Lorena Bellé
Lorena Bellé • 12 Setembro 2020

 

Olá, pessoal

Considerando a impossibilidade de atividades presenciais devido a pandemia do Coronavirus, os Voluntários do Greenpeace Curitiba, por meio de pesquisa, buscaram levar o conhecimento gerado a população, impactando positivamente e visando a conscientização e mobilização da sociedade como um todo. Durante os meses de Junho, Julho e Agosto, o tema estudado foi a Crise Hídrica sem precedentes que estamos vivenciando. 

A partir da pesquisa*, foram desenvolvidos diversas publicações que geraram bastante engajamento. Seguem abaixo as publicações baseadas no compilado da pesquisa.  

 

*Compilado da pesquisa está anexo nesse tópico. 

 

POST 1, de 11 de Julho 

Em meio à situação atípica da atual pandemia, estamos todos sentindo também os efeitos da falta d’água e da restrição no fornecimento pelo rodízio de bairros que tem sido implementado pela SANEPAR em Curitiba e região metropolitana após o Decreto Estadual nº 4626/2020, o qual declarou situação de emergência hídrica no Paraná por 180 dias.

Enfrentamos a maior crise hídrica do Estado dos últimos 40 anos: até agora, neste ano, choveu 71,7% a menos do que a média esperada, de modo que a estiagem já passou ao nível de seca meteorológica, dada a gravidade do problema. As anomalias negativas de precipitação têm sido registradas pela SIMEPAR desde dezembro de 2019, sendo que algumas cidades como Londrina já vivem um déficit de chuva acumulado desde 2018.

Assim, atualmente, não é possível a reposição natural dos reservatórios hídricos e, para piorar, as perspectivas futuras não são muito positivas: a água já reservada e a pouca que será obtida com as próximas chuvas precisa se estender até outubro e novembro para que seja possível começar (!) a recuperar as represas e mananciais nos períodos chuvosos.

Embora a questão já se estenda por meses e o prognóstico seja negativo, somente quando as torneiras de casa secaram e a ameaça a serviços essenciais se tornou insustentável o problema foi efetivamente trazido à tona. E, até então, a justificativa informada pelos órgãos oficiais e a grande mídia é a de que simplesmente não choveu o suficiente nos últimos meses.

Mas será que o problema é assim tão simples?

O Greenpeace Curitiba tem se aprofundado nessa questão e trará, nas próximas semanas, material informativo e acessível sobre a atual crise hídrica do Estado do Paraná, problema urgente que tem causas, fatores e desdobramentos mais complexos do que os que nos têm sido apresentados.

Fique ligado!

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Imagem 1: Imagem da Represa do Iraí, parte essencial do sistema que abastece a maior parte da nossa cidade. Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.

Imagem 2: Situação da represa Passaúna, uma das reservas que abastece Curitiba e região metropolitana. Foto de Gerlado Bubniak/AN-PR.

Imagem 3: Grave alteração na paisagem das Cataratas do Iguaçu diante da atual crise. Foto de Cassiano Rolim/RPC.

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POST 2, de 30 de Julho 

Há uma série de fatores diretamente ligados à degradação ambiental que influenciam no déficit de chuvas e, assim, na crise hídrica que temos vivenciado no Sul, sendo que uma das principais causas é o desmatamento.

Segundo o IAP, somos o Estado com maior remanescente da Mata Atlântica e há perspectivas de que o Paraná seja consolidado como coração das reservas desse bioma. Porém, ao mesmo tempo, dados da Fundação SOS Mata Atlântica indicam que o Paraná está entre os três Estados com maior índice de desmatamento da Mata Atlântica no país, sendo que no território nacional, restam apenas 12,4% dessas florestas. Reflexo disso é que, dos 20 milhões de hectares da extensão original da Floresta de Araucárias, símbolo da nossa cidade, restam apenas de 1 a 3%.

E não só a degradação da vegetação regional impacta na nossa situação: a Floresta Amazônica exerce enorme influência nos recursos hídricos do Sul. Isso por conta do fenômeno dos rios aéreos, enormes correntes de ar carregadas de vapor d'água que transportam umidade da Bacia Amazônica para cá, fazendo com que a floresta funcione como uma bomba d'água e determinando significativamente nosso regime de chuvas.

Mas esse equilíbrio tem sido continuamente destruído em níveis irreparáveis, sobretudo com o aumento descomunal dos índices de desmatamento no atual governo e o avanço da mineração, do agronegócio e da exploração madeireira, batendo recordes históricos. Conforme levantamento do INPE, só neste ano foram devastados mais de 3.069,57 km² da região amazônica, com um aumento de 64% nos últimos 11 meses em comparação com o período anterior.

É urgente o abandono desse modelo de desenvolvimento insustentável e o fomento à proteção da Floresta Amazônica, da Mata Atlântica e dos diferentes ecossistemas do Brasil para que tenhamos um futuro! Há uma série de iniciativas existentes no Brasil hoje para atuar na contrapartida desse cenário e contribuir para a proteção dos diferentes biomas do país, dos animais e povos tradicionais que vivem nas florestas.

Cabe a nós tomar parte nessa causa!

#ParanáMaisVerde #EleNãoVerdeSim #TodosPelaAmazônia #VidasDaAmazônia

Foto 1) Direitos autorais: Daniel Beltrá / Greenpeace

Foto 2) Direitos autorais: Zig Koch

Foto 3) Direitos autorais: Reprodução Documentário Rios Voadores

Foto 5) Direitos autorais: Bruno Kelly/Reuters

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POST 3, de 13 de Agosto 

Estamos enfrentando uma grande Crise Hídrica no Paraná e precisamos com urgência rever nossos hábitos de consumo. Uma das soluções encontradas para amenizar e distribuir melhor a água em Curitiba e região metropolitana foi a adesão ao rodízio de abastecimento que, a partir desta sexta-feira (14/08), terá redução no intervalo entre a suspensão e a retomada de abastecimento, agora serão 36 horas sem água e 36 horas com água.
É urgente a discussão sobre este assunto e a busca por soluções!

Acompanhe nesta quinta-feira (13/08) às 9h30, a #audienciapublicada Assembleia Legislativa do Paraná, para debater a “Emergência Hídrica e o Abastecimento de Água na Região Metropolitana de Curitiba. A proposta é da Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais, presidida pelo deputado Goura (PDT), e terá transmissão da TV Assembleia (canais 20.2 da TV Aberta e 16 da Claro/Net) e das redes sociais da @assembleiaparana.

Participe da discussão e faça a sua parte no uso consciente de água.

#GpbrCuritiba #CriseHidrica#Curitiba

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POST 4, de 20 de Agosto

Enquanto cidades por todo o Estado sentem os impactos de uma crise hídrica sem precedentes e a necessidade de repensar as formas de consumo, a destinação da água para o agronegócio precisa ser questionada: o setor gasta em excesso ou essa utilização se justifica pela produção de alimentos?

Dentre diversos efeitos socioambientais negativos que a agropecuária pode ocasionar, há ainda o fator de que, segundo a

Agência Nacional de Água e Saneamento

, cerca de 72% da água captada no país vai para a produção agrícola, sendo que quase metade desse montante é desperdiçado. Os principais motivos desse descarte são irrigações mal executadas e a falta de controle dos responsáveis pelos fluxos usados nas lavouras e no processamento dos produtos.

O mais preocupante dos modos de agronegócio em uma perspectiva ambiental é o da monocultura - não por acaso, um dos mais lucrativos atualmente. Esse retorno meramente financeiro ocorre às custas do empobrecimento do solo, desmatamento, redução da biodiversidade, enfim, da verdadeira exaustão dos recursos naturais das áreas afetadas, tanto pelas técnicas de retirada da cobertura vegetal quanto pelo uso intenso de agrotóxicos e fertilizantes.

Isso sem falar da monocultura animal pela criação massiva de animais de uma única espécie para a produção de carne e leite, o que integra a indústria agropecuária em toda uma rede de consequências devastadoras desde a exploração animal até o comprometimento de recursos naturais e expressivos danos climáticos. Segundo a

Mercy For Animals Brasil

, ⅓ de toda a água doce consumida no mundo é destinada à manutenção desse sistema, considerando tanto a água utilizada no consumo direto por animais explorados para abate quanto a irrigação de pastos e culturas de grãos para alimentação destes.

É urgente a adoção de culturas agrícolas que consumam menos água e o façam de maneira sustentável, a exemplo das policulturas praticadas por pequenos produtores rurais, bem como a superação do sistema alimentar baseado na proteína animal, a fim de cessar a exploração destes e todas suas implicações ambientais.

Não é possível tratar seriamente do assunto da crise hídrica sem falar sobre o agronegócio.

#GpbrCuritiba #Paraná #CriseHídrica #Agronegócio

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POST 5, de 27 de Agosto

Afora a destruição de recursos naturais e impactos climáticos de diversos empreendimentos humanos, a má utilização da água desde o âmbito individual até o institucional é um dos principais fatores da inutilização e do esgotamento das reservas.

Você sabe quanta água o Paraná tem desperdiçado?

Estamos entre os estados que menos desaproveitam a água, mas ainda assim a quantidade perdida em razão de vazamentos, erros de leitura dos hidrômetros e furtos é de 35% - ou seja, a cada 100 litros tratados, 35 não chegam ao consumidor! No índice geral, o Brasil joga fora 38,3% da água tratada, sendo que, considerando apenas vazamentos, são 3,5 bilhões de metros cúbicos por dia, quantidade suficiente para o abastecimento de 30% da população brasileira por um ano (60 milhões de pessoas). Os dados são do levantamento “Perdas de Água 2019 - desafios para a disponibilidade hídrica e avanço da eficiência do saneamento básico”, feito pelo Instituto Trata Brasil.

A consciência quanto aos nossos próprios usos domésticos é essencial, mas também é primordial reconhecer que, além do grande fluxo de água perdido pela forma que são realizadas as atividades agrícolas e industriais, grande parte do desperdício resulta de tubulações públicas velhas ou danificadas, obras mal planejadas e redirecionamentos de água clandestinos.

O problema quanto ao abastecimento poderia ser minimizado por políticas públicas ambientais prévias. É uma alternativa fácil jogar a responsabilidade para o indivíduo, mas o real desafio é cobrar dos agentes competentes mudanças estruturais como a renovação dos dutos de transporte de água, manutenções preventivas e frequentes, monitoramento e fiscalização adequados e, principalmente, o investimento em formas alternativas de captação e distribuição de água.

Nesse cenário de emergência hídrica, não será suficiente pedir a economia de água pela população se empresas e instituições também não mudarem a forma de manejo dos recursos hídricos para um viés sustentável.

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