Registros da participação dos voluntários de João Pessoa na audiência pública realizada na Assembleia Legislativa da Paraíba no dia 06/03 para discutir o projeto de alargamento da orla de João Pessoa.

O projeto apresentou como justificativa a necessidade de conter o avanço do mar nas praias da capital. A prefeituraa de João Pessoa quer seguir a tendência de outras cidades litorâneas brasileiras que realizaram intervenções desse tipo, copiando os modelos de projetos aplicados nessas cidades que possuem uma geomorfologia completamente diferente da paraibana.

Já há estudos que mostram que os impactos ambientais que a obra trará à cidade serão imensos. A obra irá modificar a dinâmica natural costeira e afetar profundamente os seus ecossistemas marinhos. Os extensos recifes de corais que margeam toda a costa, por exemplo, podem desaparecer.

O Greenpeace de João Pessoa, se colocou em uma posição contrária a esse projeto que ao nosso ver não passa de uma tentativa ineficaz de ocultar o real motivo do problema: a pressão cada vez maior da ocupação humana nas linhas mais próximas à praia. Inclusive sobre o estoque de areia e a vegetação de restinga.  

A erosão costeira é um processo natural encontrado em todo litoral, mas as praias estão "desaparecendo" aos poucos da paisagem devido à intervenção humana. Há décadas o processo de urbanização insustentável tem contribuído para acelerar o estreitamento da faixa de areia ao não deixar espaço suficiente para esse recuo natural acontecer sem afetar a infraestrutura urbana e estamos há décadas substituindo por asfalto, concreto e prédios todo o ecossistema inteligente que atua como zona de abrandamento da energia das águas. 

Em João Pessoa é visível a ocupação mal planejada da orla, com construções sendo feitas ao longo das décadas à beira mar e afetando diretamente o processo de erosão.

Além disso, a obra é ineficaz devido a incapacidade de se frear totalmente o processo de erosão. Essas intervenções só conseguem "parar" a erosão até certo nível (não há como conter as correntes marinhas e o fluxo das mares), mas a obra não será duradoura e vai precisar constantemente de reposição, o que vai ter um alto custo para os cofres públicos.