CIDADES NO CEARÁ PODEM SER A PRÓXIMA CHERNOBYL - Greenpeace Fortaleza

Paulo Ricardo Schneider
Paulo Ricardo Schneider Facilitador de Fortaleza • 30 Janeiro 2022
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do Brasil de Fato

Gabriela Moncau – Brasil de Fato

Um consórcio de duas empresas está a poucos passos de abrir a maior mina de urânio e fosfato do Brasil. Os relatos, no entanto, indicam que grande parte das comunidades próximas a ela é contrária à abertura da mina. O projeto prevê uma instalação nuclear, um complexo mineroindustrial e uma pilha de fosfogesso e cal onde serão depositados os rejeitos do processo.

A jazida Itataia, localizada no município de Santa Quitéria, na caatinga cearense, é cobiçada pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela empresa privada Fosnor – Fosfatados do Norte-Nordeste S.A, detentora da marca Galvani Fertilizantes. 

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Ao seu redor, há três bacias hidrográficas e vivem 156 povoados, em sua maioria de agricultores que tiram da terra o sustento. Entre eles, comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e assentamentos da reforma agrária. 

Ouvidos pelo Brasil de Fato, moradores da região relatam que há quem veja com bons olhos as promessas de empregos e “desenvolvimento” feitas por representantes das empresas. De acordo com o chamado Consórcio Santa Quitéria, serão gerados 538 empregos diretos na fase de operação do complexo.

“Se a jazida for minerada, eu não sei qual o nosso futuro. Só sei que bom não é”, avalia Maria Joselenes Sena. Mais conhecida como Josy, ela integra a Cooperativa Sertaneja Cearense – Fape e vive em Lagoa do Mato. É por essa comunidade que passa a estrada CE-366, que dá acesso à jazida. 

O fato de ser um empreendimento que usa grande quantidade de água no semiárido nordestino, bem como os perigos da contaminação radioativa das águas, do solo e da dispersão de poeira e gases com metais pesados pela região, estão entre os principais argumentos de moradores e movimentos populares que lutam para barrar o empreendimento, batizado de Projeto Santa Quitéria (PSQ). 

O novo capítulo dessa queda de braço será a decisão do Ibama. Depois de ter o licenciamento ambiental arquivado pelo órgão em 2019 por sua “inviabilidade ambiental”, o Consórcio entrou com novo pedido e apresentou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA RIMA), documento obrigatório, no final de 2021. 

NETÁreas atingidas direta e indiretamente pela mineração e o transporte de fosfato e urânio no Ceará / Brasil de Fato, com base em estudo e mapa da Articulação Antinuclear do Ceará

No comando do Ibama, Eduardo Fortunato Bim foi indicado pelo então ministro do Ambiente Ricardo Salles. Durante as eleições de 2018, Bim assinou um manifesto em defesa de Jair Bolsonaro.

Em 2021, o presidente do Ibama ficou três meses afastado do cargo por determinação do STF, por ser um dos alvos do inquérito da Polícia Federal que investiga favorecimento do órgão em um suposto esquema ilegal de exportação de madeira. 

“Eu tenho medo, sinceramente, que seja um jogo de cartas marcadas”, afirma o professor de história e agricultor familiar Luís Paulo Santos Sousa, a respeito da probabilidade do licenciamento ambiental ser expedido.

É PRECIO EVITAR QUE A MINA SEJA REATIVADA! NÃO EXISTE SEGURANÇA NA EXPLORAÇÃO DE URÂNIO! NUCLEAR NÃO!