Povo Pitaguary - Greenpeace Fortaleza

Paulo Ricardo Schneider
Paulo Ricardo Schneider Facilitador de Fortaleza • 23 Março 2021
Foto: Governo do Estado do Ceará

No séc. XIX o Governo da então província do Ceará alegou não existir comunidades indígenas no estado, o que deu "direito" à livre expansão e adesão de propriedades rurais pelo interior. 

Com essa ação absurda, muitas comunidades foram apagadas da história coletiva, sob a ideia do senso comum de 'não existir índio no Ceará'. 

Mas, sempre existiu e existem comunidades indígenas, tais como a Pitaguary/Pitaguari/Pitaguarÿ, da qual falaremos hoje.

 

A história do Povo Pitaguary está intrínseca à história de Maracanaú (região metropolitana de Fortaleza). Com a chegada dos exploradores o povo Pitaguary teve se estabelecer no que hoje é a já citada Maracanaú. Em 1854, o Sítio Pitaguary foi "reconhecido" como terra de posse indígena, ou seja, essa comunidade da época deu origem direta aos habitantes daquela região atualmente. Ainda assim muito de sua cultura quase se extinguiu ao longo do tempo.

No final do sec. XX juntamente à outras etnias o povo Pitaguary começou o processo de autodeterminação diante da sociedade e do governo, começando a se organizarem politicamente e exigindo demarcação de suas terras.

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Trecho Importante da História da Comunidade Pitaguary:

"No princípio, contam os narradores indígenas, “era tudo um povo só”, “uma só nação”, levada à divisão em face do contato. Esse era o tempo pretérito, onde havia liberdade. Com a chegada dos “ricos fazendeiros” veio, então, o tempo da “escravidão”, em que os índios foram levados a trabalhar na construção de grandes edificações. A escravidão ou o “cativeiro”, que aparece nessas narrativas, tanto quer significar uma prisão, de fato, quanto, simbolicamente, um estado de sujeição coletiva em que há perda de autonomia, ou seja, perda da liberdade de produzir e se reproduzir."

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Há muitos lugares de memória na área Pitaguary. Entre esses lugares destaca-se a “mangueira centenária”, da “senzala dos escravos” e da gruta ou do “buraco” de Santo Antônio. A mangueira é constantemente identificada com a figura da “mãe natureza”, que protege, dá paz e conforto. Ela está no centro das atenções, pois, segundo contam os narradores indígenas, “naquele pé de mangueira, exatamente lá, morreu muito índio enforcado e matado de fome".